Segundo ação, a obra ameaça povos indígenas isolados.
Ministério Público alega que licenciamento ambiental não é adequado.
O Ministério Público Federal em Rondônia pediu à Justiça, em ação civil pública, a paralisação da obra de asfaltamento da rodovia BR-429, no sul de Rondônia, sob a alegação de que a reforma pode dizimar os povos indígenas isolados yvyraparakwara, jurureí e outros grupos desconhecidos que vivem na região.
Segundo o MPF-RO, o asfaltamento da BR-429, executado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) não cumpre as leis de licenciamento ambiental e não leva em conta impactos que a obra causará.
A ação pede que o Ibama faça fiscalização no local para avaliar os impactos ambientais já ocorridos nos trechos pavimentados. O percurso a ser asfaltado tem 291 quilômetros.
A BR-429 liga o sul do estado com a Bolívia e cruza cinco municípios: Alvorada D’Oeste, São Miguel do Guaporé, Seringueiras, São Francisco do Guaporé e Costa Marques. A estrada passa perto de áreas de conservação federais como o Parque Nacional de Pacaás Novos e a Reserva Biológica do Guaporé, e terras indígenas demarcadas como a Uru-Eu-Wau-Wau, Rio Branco e Massaco.
O MPF argumenta que a pavimentação vai aumentar o acesso clandestino e a exploração de recursos naturais na região, causando confrontos entre nativos e invasores. Na ação, os procuradores alegam que a Terra Indígena Uru Eu Wau Wau é área de conservação importante para a fauna da região, pois abriga a maioria de espécies locais de mamíferos de médio e grande porte, além de ter sítios pré-históricos com cavernas e pinturas rupestres que nunca foram analisadas. A área, segundo o MPF, é também onde nascem muitos dos principais rios do estado.
Os índios poruborá, que vivem na região e ainda não têm sua área demarcada, têm como principal ameaça o desmatamento, afirma o MPF. Por denunciarem os desmatadores, estes índios estão sendo ameaçados, acrescenta o órgão.
O Dnit tem licenciamento ambiental por meio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), mas o MPF argumenta que o Ibama deveria ser o órgão responsável por licenciar o projeto, já que o asfaltamento da BR-429 afeta áreas federais e reservas indígenas.
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